quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

SoulSurfing

Surfar de Alma, com Alma e acompanhado pelas outras Almas. Na simplicidade de apenas Ser.

Na alegria de Viver. Desde o Nascer, crescer, Dar & Receber. Dar gratidão, dar o sorriso, receber o "grito" quando saímos com o bafo, quando passamos aquela secção ou arriscamos aquela manobra. Passar por debaixo de uma grande massa de água e sentir o sol do outro lado! Sentir o cheiro, ouvir a gaivota, ouvir o bafo, sentir a água, todas as sensações que somos privilegiados, e devemos agradecer por isso!

Surfar 100% de alma hoje em dia nem sempre é fácil.   

Estamos constantemente a ser bombardeados e testados, pelos media, pelas histórias, pelas fotos, pelos relatos, pela nossa própria paixão - a emoção que nos leva para a frente; pela nossa mente racional que tudo quer explicar e justificar. Pelo ego, instrumento necessário, mas que muitas vezes se revela descontrolado nesta existência material.

Além disso, confrontamo-nos com a apropriação pessoal das ondas (localismo puro e agressivo) vs a apropriação mercantilista = comercial. Nem uma nem outra são soulsurf! Porque a alma não rouba nem por egoísmo, nem por ego, nem por $. A alma partilha. O ego rouba, e convence que roubar é o certo... e o ego também luta pela posse. A alma não vê posse. Vê partilha.

Surfar de Alma é surfar sem julgamento, sem comparação, sem máscaras, sem sorriso amarelo, e sem má cara, apenas ser-se directo, sincero e frontal, sem medo. Comportamento gera comportamento e dentro de água é inexoravelmente uma escolha que se faz a cada onda e a cada surfada. Agir pelo medo (que se subdivide em muitas e subtis manifestações de emoções "negativas" que nem sempre se consegue esconder, by the way) ou agir pela verdadeira máquina, o coração. A paixão pelo Mar. 

A escolha é sempre nossa e livre. Afirmar que não é uma escolha livre é em si mesmo um ato de medo.

Cada escolha tem consequências mais imediatas ou mais indiretas. Mas a acção gera uma reação.

Na essência, somos todos iguais, somos todos a mesma substância, só muda a casca. A etiqueta, o "ter de ser ou fazer assim", a formatação social que nos impinge a nossa vida, dia após dia. Conversa após conversa... porque nos deixamos ir com a corrente... ou remamos na diagonal para sair desse agueiro.. ou não, simplesmente é mais cómodo e confortável ser-se como X ou Y, e então deixamo-nos seguir com o resto do arrastão...

Que importa se um vai de pé e o outro deitado? O surf é melhor que o bodyboard? O bodyboard é mais radical que o surf? Que importa se um mete o pé aqui ou a mão ali? Comparações fúteis caros amigos. Podemos chegar a esta conclusão aos 30, 40, 50 anos ou às portas da Grande Viagem, mas uma coisa é certa, o respeito a dedicação e a humildade não vêm na revista, não vêm da boca do Sr. Importante X ou Y. Vêm do dia-a-dia. Vêm da atitude, da presença honesta com o nosso "eu". Não é o "eu" mental, mas sim o "eu interior". A Essência. O que distingue realmente a nossa diversidade. Caso contrário éramos todos robots iguais com o mesmo propósito. Servir o grande Senhor Sistema.

De que vale tudo isto se me derem a escolher entre "poder surfar" e "não poder surfar" ? Rien. Nada!

Será mais fácil imitar, seguir um padrão, ou ser originalmente exatamente aquilo que somos?

A verdade é mais difícil para muitos que a mentira. Mas ninguém obriga à mentira senão a nossa propria inconsciência. 

Sim, batemos com força no fundo, mas alguma coisa aprendemos se estivermos disponíveis para aprender na mesma medida que apregoamos o ensinar.

Paz e Boas Vagas,
Carlos Leal 20-02-2013